terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Castro Marim na Corografia de 1841 - 2ª parte: Azinhal e Odeleite

Concelho de Castro Marim na “Corografia, ou memória económica, estadística e topográfica do Reino do Algarve”, de João Baptista da Silva Lopes, 1841



2) Azinhal e Odeleite

O Azinhal é uma aldeia grande, situada sobre um monte; esta freguesia confina com Castro Marim a Sul, Cacela a Oeste, Guadiana a Este e Odeleite a Norte.

A sua igreja está fora da aldeia, para Este. A freguesia tem 2 léguas de serra e produz muito trigo, ervas medicinais como a centaura menor, e cria animais como porcos monteses, raposas, lobos, gado vacum, lanígero e caça miúda.

É no serro da Água dos Fuzos que nasce a Ribeira do Beliche, que vai regando e fertilizando serras e campinas, até desembocar no Guadiana. No sítio onde desemboca, “à distância de hum tiro de espingarda” de largura, há uma lancha que dá passagem para Espanha. Pouco antes da foz desta ribeira, há uma ponte que deveria ser restaurada. Nas suas margens, cultivam-se vinhas e terras de pão. Para além disso, como lá chega a água salgada, cria-se Erva do Sapal, usada contra as cezões.

Desta aldeia sai um caminho que vai directo ao sítio chamado Porto do Azinhal, no Guadiana. É aqui que se atravessa, através de barco, para a Ribeira da Estacada, em Espanha.

Quanto a Odeleite, situa-se esta aldeia entre 4 serros junto à ribeira de Odeleite, nascida nos Vales de Maria Dias, na freguesia de Salir. Esta ribeira desagua no Guadiana, a meia légua para Este da aldeia, e ao longo do seu percurso, por onde rega algumas terras, existem alguns moinhos. Diz-nos João Baptista da Silva Lopes que “carecia de huma ou mais pontes visto cortar a estrada de communicação com Alcoitim”.

Junto ao sítio da Pernada, recebe a ribeira da Foupana, nascida em Vale da Grua (Faro), e recebe vários outros ribeiros.

Quanto a água para beber, os moradores de Odeleite não têm se não as do poço do Açador e da Foz na margem do Guadiana.

Nas margens de ambas as ribeiras (Odeleite e Foupana) há boas terras de pão e vinhas.

A sua feira é a 29 de Junho e dura apenas um dia, tendo por visitantes muitos espanhóis.

A sua igreja tem três naves; quanto à capela-mor e às colaterais, elas devem-se ao zelo do prior José Martins Faleiro, que legou todos os seus bens para esta obra, com apenas uma condição: que a obra fosse feita à semelhança da igreja do Espírito Santo, no termo de Mértola.

Quanto às dimensões da freguesia, são as seguintes: três léguas de comprimento (desde o Guadiana até Altamor) e uma de largura, desde a ribeira da Foupana (fronteira com o concelho de Alcoutim) até ao sítio da Portela Alta.

Confina esta freguesia com a de Alcoutim e Pereiro a Norte, o Guadiana a Este, Azinhal, Conceição e Santa Maria de Tavira a Sul e Vaqueiros a Oeste.




Conhece tudo de algo e algo de tudo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor comenta mas com bom senso. Lembra-te que errar é humano. Qualquer crítica construtiva é bem vinda e se tiveres informação para partilhar e assim corrigir-me, por favor sente-te à vontade.